Luiz Ceara

Os dedos na Taça de Campeão do Mundo

Luiz Ceará

Cheguei ao CT Joaquim Grava meio dia e meia, exatamente na hora em que os ônibus do timão estavam começando iniciar a virada da pequena ruela paralela à Rodovia Ayrton Senna para entrar.

Mais de dois mil corintianos em êxtase, física e espiritualmente. Só uma coisa na cabeça. Timão Campeão do Mundo.

E um olhar na Taça. Que sonho seria tocá-la. Não daqui a um mês, exposta que será no Parque São Jorge, mas hoje, na chegada dela. É hoje o dia de tocar na Taça.

Por que ?

Porque está quente das mãos dos jogadores, porque tem respingos de champanhe, de vinho branco, porque tem suor dos heróis escorrendo ainda.

É místico, insuportável paixão.

Olhei para repórteres de todas as emissoras espalhados pela entrada do CT, encima de caminhões de link, gente de jornais e internet. Pensei em realizar o sonho de pelo menos alguns.

No meio do barro do lado de fora caminhei até o alambrado em que os corintianos de várias facções estavam grudados esperando ver os jogadores de perto. Eles gritavam nomes de qualquer jogador, e quando apareciam eles choravam de emoção. Se apertavam, mas em paz, sem brigas e nem chingamentos. Só queriam ver os jogadores e tocar na Taça.

Com a ajuda de alguns caras dos Gaviões cheguei onde queria. O mesmo lugar em que eles estavam. Chamei Denis, um dos assessores de imprensa do Timão e pedi a ele para pedir ao Edu – ex-jogador Campeão do Mundo na primeira vez e hoje dirigente – que se pudesse, trouxesse ataca até o alambrado. E comecei a rezar com eles, os torcedores. Eu queria muito ver a cara deles diante da Taça e de tão perto. Realizar o sonho deles.

Deus é pai. E São Jorge sempre está de prontidão. La vem o Edu, sorridente e com ela nas mãos. Veio em direção a nós. Parece que ele tinha adivinhado nossa intenção.

Fui sofocado pelos corpos que me apertaram no alambrado. Espremidos, eu e Miúdo meu câmera. Eu de microfone na mão ele com as lentes direcionadas para a Taça.

Dez passos e Edu estava na nossa frente, e a cena que me fez chorar aconteceu.

Enlouquecidos dedos. Dez, vinte, trinta talvez entravam e saíam dos buracos da grade de proteção em direção á taça. Eles tocavam nela com amor, como que mandando mais e mais fluídos positivos, como se isso ainda fosse possível, como se tivessem mais energia em seus corpos depois de tanta festa, suor, sufoco e lágrimas de alegria.

Aquela imagem dos dedos dos torcedores tocando a Taça docemente nunca vai sair da minha cabeça. Essas imagens são reais e podem ser acessadas no programa Rede TV Esporte de ontem.

O Corintiano tem muito que comemorar. Tem um titulo de Libertadores e um Bi do Mundo. E um Estádio pra chamar de seu.

 

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