Luiz Ceara

Categoria de base.Os meninos Pizza.

Luiz Ceará

Vi o Santos tratar suas categorias de base com carinho. Foi o campeão da Copa São Paulo de Juniores. O timão fez o mesmo este ano. Não que seja um time amante de sua base, que não é, mas deu atenção este ano com a vinda de Osmar Loss, um cara exemplar.Há muitos anos a Ponte Preta de Campinas e o Guarani, além do XV de Jaú também agiam assim. Por isso mesmo revelavam jogadores às dúzias.

Pela Ponte Preta, Dicá, Oscar, Polozi, Luiz Fabiano, Carlos, Waldir Peres. O Guarani teve Careca, Amoroso, Luizão,Julio Cesar, Mauro Evair, Renato,João Paulo. Esqueci alguns? Foram tantos mesmo.

O São Paulo veio a Campinas aprender com Renato Rigueto, o maior árbitro de basquete em todos os tempos aqui no Brasil. Foi ele, que depois de visitar Cuba, comunista histórico que era,aprendeu e mostrou como se estruturava uma base esportiva. Criou a categoria de base, a escolinha de futebol. Foi na Ponte Preta e deu excelentes resultados. Hoje ela tem sua base, mas entregue como todas as outras em todos os clubes do país, nas mãos de empresários.

O Santos campeão da Copa São Paulo e o Corinthians não fogem à regra. Eles tem meninos excelentes, mas todos tem seus empresários e planos de carreira já em andamento.

O clube, mesmo o já famoso São Paulo da base de Cotia não é mais dono sozinho de seus meninos. Os donos não tem nome, são centenas de empresários e financiadores, patronos ou investidores. O nome pode ser qualquer um. Mas os meninos tem um dono.

Isso é bom para os clubes?

Como seria, se você dá alojamento, comida, escola, material de treinamento, fisiologistas, preparadores físicos, médicos, treinadores, supervisores e estrutura física e na hora da venda para o exterior – o verdadeiro sonho de todos – o investidor leva parte do lucro sem nada ter oferecido?Não entendo essa matemática.

Prova? Simples. O caso Neymar. Todo mundo tem conhecimento que na hora da venda para o Barça,o Santos levou um pedaço,o DIS outro, o pai do jogador e seu principal procurador uma fatia, o presidente do Barcelona outra fatia e sabe-se lá o que mais. Deu no que deu. Alguém vai se ferrar e não demora.

E tudo porque o jogador estava fatiado como uma pizza. Jogador pizza. Cada um leva uma fatia. Hoje é assim.