Luiz Ceara

A bola está um pouco triste hoje. Faz 30 anos que Mané Garrincha nos deixou

Luiz Ceará

“Se há um Deus que regula o futebol, esse Deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um Deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho.”

Carlos Drummond de Andrade

O corpo físico de Manoel Francisco dos Santos na época com 49 anos e conhecido como Garrincha nos deixou há trinta anos. Mas ele é presente nas nossas vidas e no nosso dia a dia do futebol. Ou não¿

Conheci Mané e já disse isso aqui, na casa de Elza Soares em 70. Ele me deixou tão chocado com sua presença, seu sorriso e carisma, que deixei a profissão de musico para ser jornalista esportivo.

Entrevistei Mané duas vezes quando trabalhava na TV Globo e fiquei igualmente perdido, como se estivesse olhando para algo que não era daqui.

Ele decisivo na Copa de 58 e em 62 mais que isso. No Botafogo ele deixou sua marca nos treinos, na convivência do dia a dia e dentro de campo.

Mané era alegre, mulherengo e gostava de beber, seu defeito fatal.

Faz trinta anos que seu corpo físico nos deixou. Eu não acredito na morte, somente na vida. Morte é coisa de corpo físico, a vida é eterna. Estaremos sempre por aqui para resgatarmos nossas mazelas e desafetos. Esse é o pagamento. A evolução.

Por isso creio que boas almas pertencem a um plano superior. Ayrton Senna, Confúcio, Pedro Apóstolo, Madre Teresa de Calcutá e Garrincha são apenas alguns exemplos para que o amigo do Blog entenda o que eu quero dizer. Quem é do bem total serve de exemplo.
A trajetória de Mané Garrincha serve para todo jogador de futebol entender como se faz a coisa certa e a errada. Acima de tudo como diferenciar um craque de um jogador comum, quero dizer.

Saudade do que vi pouco pelo que gostaria de ter visto.