Marcão, a ressaca verde.
Luiz Ceará
Marcão deixou um sabor de guarda-chuva na boca do torcedor brasileiro. No geral, o brasileiro mesmo, o que foi com ele nas bolas da Copa do Mundo de 2002. Quando você vê as imagens na TV, fica arrepiado. O geraldino chora hoje sem Marcos, o falastrão, o cabeludo que perdeu os cabelos de tanto esquentar a cabeça debaixo da trave. Coisa de louco. Como ele sempre foi. Maluco e um tremendo cara.
Na reportagem da Folha de hoje, na entrevista que deu ao repórter Lucas Reis, Marcão foi na unha, como se diz no mundo da bola.
“Minha imagem sempre foi muito boa no futebol, de um cara honesto. No futebol. some dinheiro daqui, some dinheiro dali, você, no meio da cartolagem pode manchar sua imagem. Desde 2000 eu jogo com dor em algum lugar. Não fui um jogador que teve sucesso na vida sem problema. Meu joelho hoje dói demais, mas eu estou com 38 anos. Dinheiro é bom, mas felicidade é melhor, por isso nunca saí daqui.”
Marcão me falou ainda numa entrevista que me deu para meu programa na Band de Campinas, o Band Bola, que sua maior tristeza, e naquele momento eu disse que também era a minha, é que não viu suas filhas crescerem. Que nunca está nas fotos de aniversário delas, e que não está no álbum da família.
Trabalhar no futebol foi uma alegria pra ele e pra nós jornalistas. Foi uma alegria para um país que ama seus verdadeiros ídolos. Marcos é um ídolo para sempre, popular, sincero e feliz.
Mas hoje aqui no CT do Palmeiras faltou Marcão e no lugar dele ficou uma ressaca com gosto de cabo de guará-chuva. Isso ficou.