Hoje não é o dia dos repórteres cinematográficos, mas poderia ser.
Luiz Ceará
Hoje é sexta-feira, dia de tomar uma com Maurício da Brumas, meu chapa e amigo de fé. E amanhã eu faço uma palestra para 600 funcionários da Itaipava em Indaiatuba. Vou falar sobre equipe, trabalho de equipe se me entende o amigo do Blog.
Qualquer repórter de TV que se preze sabe que não faz nada sozinho. Ele aparece na tela, fala o que interessa ou o que quer. Você aí em casa observa, aprende com as informações, mas fica também indignado com as coisas que não gostou. Opiniões em geral.
Atrás do repórter tem um outro repórter, o cinematográfico, que chamamos erradamente de câmera e um assistente. Eu trabalhei com feras sempre. Tive sorte. Comecei com Reinaldo Cabrera, meu mestre, na TV Globo. A primeira vez que saí com ele e seus um metro e sessenta de altura, fomos ao Ibirapuera fazer uma matéria com a Seleção de Basquete masculino. Eu, tremendo, caipira de Campinas não acreditava no que estava vendo. Ele chegou, câmera de filme no ombro, e chamou Ubiratan, o Bira, uma lenda do basquete, e disse com sua voz meio rouca: “Bira, vem falar aqui com o caipira”. Bira veio e eu aprendi que teria que respeitar esses caras experientes, e que teria que ter a intimidade profissional com os atletas, sem a qual eles passam batidos, não te atendem.
Cabreira, Ivanzinho, que até hoje trabalha na Band, Quincas com quem eu fiz minha primeira reportagem para o Jornal Nacional, Marcelão, Rocha, Rógero Antonio e meu compadre querido Javier Malavasi me ensinaram a ser humilde e homem nas ruas. E tem o Môsca e o Bartolomeu Clemente, que eu vi chegarem de Recife para se tornarem lendas na Globo.
Adauto Nascimento e Ivanzinho me ensinaram a ser malandro e a enxergar através das imagens.
E nos últimos dois anos trabalhei com uma dupla de verdade. Antonio Batista, o Babá, o melhor de todos assistentes de TV e meu amigo, e o repórter cinematográfico Alexandre Ribeiro, o Cabeça, que sabia pra onde eu ia virar, com quem eu ia falar e adivinhava meus pensamentos.Fora do ar, somos, ainda, amigos de verdade. Ao final do trabalho, todos os dias eu agradecia os dois pelo esforço e pela dedicação.
Eu chamo isso de equipe de televisão. É sobre esse amor ao trabalho, dedicação e respeito que eu vou falar amanhã para os funcionários da cervejaria.
Este post é também para eu me lembrar de quem me ensinou a trabalhar. Uma homenagem sincera aos meus professores da rua, o melhor lugar para um repórter viver sua vida profissional. Estou fora da TV, e preciso me exercitar. Por isso escrevo sobre meu trabalho também, pra não esquecer de onde vim.
Isso se chama equipe.