Jabulani, Brazuca ou bola mesmo. Elas são amadas por gente como Neto, Zico, Zenon,Dicá, Pita…
Luiz Ceará
Eu entrei no gramado do Brinco de Ouro, campo do Guarani de Campinas e o moleque de 16 anos estava batendo faltas no gol do fundo. Ele, um obstáculo de madeira e o goleiro. Passava as tardes e manhãs depois dos treinos se aplicando naquilo que Deus lhe deu de presente. O talento. O sopro do sucesso.
Neto era um cara aplicado. Treinava, palavra chave.O bicho. Fiquei impressionado porque ele só tinha 16 anos.
Aí eu tive a certeza que rondava minha cabeça. Craque já nasce, é puro ouro. Neto era assim mesmo. Sempre sorrindo, marrento pra conversar com quem não conhecia direito. Irritava dirigentes, treinadores, jogadores e árbitros. Cuspiu na cara de José Aparecido de Oliveira, um assoprador de apito. O cão chupando manga dentro de campo.
Neto só abria uma exceção. Pra ela, seu amor maior. Sua razão de viver e sonhar. Aquela a quem ele tratava com dedicação desde menino. Dormia com ela, acordava com ela, andava com ela debaixo do braço e nunca deu um chutão naquela criatura. Nunca uma palavra ofensiva, nenhum desdém, briga nem pensar. Só amor.
A bola.
Bola sempre foi chamada de bola. Nas peladas, na várzea, nas categorias de base e no profissional. Bola é bola.
Deixou de ser somente na África. Virou um fenômeno de nome Jabulani. Não foi mais bola. Vai rolar a Jabulani. Botou a Jabulani debaixo do braço. E assim a bola, que sempre foi bola, assumiu seu nome pela primeira vez na história.
Jabulani.
Agora ela vai se chamar Brazuca. O nome é bom? Não é? Vamos ver. Eu preferia Gorduchinha, nome carinhoso que nasceu da cabecinha genial de Osmar Santos “O Pai da Matéria”.
Brazuca vai rolar na Copa pelos campos do Brasil e no imaginário de Ailton Lira, Dicá, Zenon, Pita, Gerson, Didi, Nelinho, Eder e Neto, maestros de quem eu me lembrei agora, mas que são alguns dos melhores do mundo na arte de amar Brazucas, Jabulanis… ou bolas mesmo.