Luiz Ceara

Arquivo : Copa São paulo.

A Copa dos sonhos de menino.
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Luiz Ceará

No início da Copinha eu escrevi aqui no Blog sobre o que é sonhar algo na vida e a importância disso para nossa existência aqui na terra.
Pois bem. A Copinha acabou e o coringão levou com dois gols do zagueiro e capitão Antonio Carlos.
Levou de virada, gol aos 43 do segundo tempo, Pacaembu bombando. A cara do Timão, ou não?
Até aí tudo certo.
Disseram que o Flu pipocou. Não é verdade. Pressão, sim, faz o sangue ferver e o coração bater mais forte. Eles devem ter sentido, e seria impossível não sentir a nação aos gritos. Ela mais uma vez fez a diferença.
Até aí tudo certo.
Mas… e o sonho?
Eu volto ao tema porque conversei hoje pela manhã com Paulo Henrique, lateral esquerdo do Santos, que subiu ao time de cima após o peixe ser desclassificado. E com o meia Pedro Castro, que passou por vários clubes, sempre nas categorias de base e que também subiu depois da desclassificação.
Estavam felizes da vida porque subiram para o time de cima? Também, mas principalmente porque realizaram o sonho de disputar a Copa São Paulo e por conseqüência ganharem visibilidade. Vão jogar no time de Neymar e Ganso, no time de Pelé. Não existe sonho maior na cabeça deles.Sonho realizado, concreto. Até que Paulo Henrique tem outros dois. Tirar duas fotos. Uma ao lado de Muricy Ramalho e outra ao lado de Dany Alves do Barça e da Seleção. Isso fica pra depois.
Vencer com 35 mil pessoas no Pacaembu não se esquece jamais. Ser Campeão também, mas para os que nem chegaram perto deste feito, fica a saudade de ter disputado, e isso é para o resto da vida, a Copa São Paulo de Futebol Junior. “Fiz isso aos 18 anos”, pensa o cinqüentão com três filhos já adultos.” Eu estava lá.” Isso é o que vai ficar na cabeça dos meninos do Açu do Rio Grande do Norte, do Funorte, do Vilhavelhense e do Atlético de Roraima, entre todos os outros meninos sonhadores.
Sonhar é tudo nesta vida. Apenas sonhar.
Esses meninos, todos, realizaram seu sonho, escondido dentro do coração de cada um.
Você me pergunta: eos clubes, e os empresários e o investimento todo nessa molecada, e os negócios da bola?
Agora a vida segue.


A Copa São Paulo de Eli Coimbra…de Almeida.
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Luiz Ceará

Só tenho boas lembranças desse palhação. Cara de boa gente, um baita boa gente. Marcão, o verdadeiro Santo, já era. Não cata mais debaixo dos três paus. É isso aí, debaixo dos três paus. Pior pra eles. Péssimo pra nós. Mas eu não quero ainda falar disso. Falo quando estiver menos triste.
Meu assunto neste momento é a Copa São Paulo da Molecada… de Almeida, como diria meu guru Eli Coimbra. Ele sabia como “olhar” um futuro craque ou um perna de pau precoce. Olhava e definia. “Esse é o cara que vai vingar”.
Sinto muita saudade do Eli, um confidente, meu padre preferido das minhas confissões mais inconfessáveis.
Eli diria que essa Copa, assim recheada de meninos de todo o país, longe de ser inaceitável, ou inchada, ou inviável territorialmente, como tenho visto e tenho lido nos jornais e internet, é mágica. Tem gente metendo o pau porque são mais de nem sei quantos clubes disputando a Copinha. Um exagero que deixaria Eli mais que entusiasmado. Feliz.
Vi esta semana na TV uma reportagem sobre a viagem dos meninos de Ji-Paraná, a segunda cidade mais populosa do estado de Rondônia. Vi o amor pela bola no brilho dos olhos dos meninos. A ansiedade pela viagem de dois dias de ônibus. Emocionei-me ao ver o estádio e o campo onde eles buscam num calor de mais de 30 graus, todos os dias, o sonho de jogar futebol profissionalmente. O menino mirradinho de um metro e sessenta disse que os atletas dos outros times daqui também são de carne e osso, igual eles. Que aposta na vida. O Ji-Panará é o espírito da Copa São Paulo. Puro, sem manchas, sem a sombra dos empresários carniceiros, sem nada a não ser a busca do sonho.
A Copa seria melhor sem o Ji-Paraná? Quem me prova isso? Quem se arrisca a tirar de um menino de Rondônia a vontade de ser? No mundo, ser é mais que ter. A Copa São Paulo é ser. Virou ter, mas é ser. Ser… de Almeida. Ou não Eli?


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