E salve Jorge e viva Jorge
Luiz Ceará
O repórter da Globo fez uma passagem – que é quando o repórter aparece na reportagem – dizendo que o estádio estaria vestido de azul, porque o Campeonato Inglês é transmitido no Japão e o Chelsea tem uma enorme torcida lá.
Juro que pensei: os japoneses secaram o Chelsea. Porque isso não existe quando o Corinthians está no jogo. De maior torcida, de maior barulho, de quem empurra mais o time e coisa e tal.
Eu já vi centenas de vezes nestes 34 anos de TV o Timão estar na pior e a Nação virar o jogo. Eu sabia que isso iria acontecer se o time precisasse, mas não houve necessidade.
O Corinthians mandou o jogo inteiro e venceu e levou o título. Com a Nação ao seu lado. Inseparável décimo segundo jogador. Pele sobre pele num só corpo.
Quando o Chelsea entrou em campo eu estava no meio de uma enorme festa de torcedores corintianos aguardando o início do jogo. Olhei a escalação e pensei. Dançaram com esse técnico cagão! Oscar fora do time era sinal de caganeira. Medo de atacar, vontade de segurar o que não se pega. De estancar o sangue que jorra de uma veia rasgada pela raça. De amordaçar o guerreiro. De não deixar a espada ser desembalada. Vontade do técnico do Chelsea não deixar Jorge atacar o dragão.
Não deu. São Jorge entrou na frente do esquadrão corintiano e trouxe uma Fiel Nação com ele pra dentro de campo.
A voz do povo bradou no Yokohama. Um grito de guerra de gelar o sangue. O time do Corinthians ficou do tamanho de metade do Brasil.
Vi durante a festa em que eu estava trabalhando, os torcedores cantarem quando precisou, gritarem pro time acordar, sofrendo e segurando as bolas com as mãos de Cássio e cabecear com a cabeça de Guerrero.
Um Corinthians foi um só e é dois. Dois títulos mundiais, o que não é pra qualquer bico.
Salve Jorge.