Tragédia de Sarriá. Um dia sem explicação lógica.
Luiz Ceará
Na Copa do Mundo da Espanha eu trabalhava na TV Globo. Não fui à Copa mas fiquei muito tempo com a seleção no Brasil. Era próximo de muitos jogadores, a maioria geniais e outros como Sócrates, Zico e Falcão gênios.
Ficamos sem Careca e Reinaldo.
Mas o time de Telê era algo que emocionava. O brasileiro não torcia por um time somente competitivo, mas para uma equipe que tinha alma, vibrava numa outra esfera do emocional de nós torcedores. Não tinha jornalista trabalhando com a seleção. Éramos torcedores. Sérios, corretos, profissionais, mas torcedores. Fãs.
Nós perdemos da Itália, um time bom, mas inferior ao nosso. Muito. Em crise, falido moralmente. O que aconteceu foi um desses momentos sem explicação.
Foi Paolo Rossi, o menino de ouro. Jogador comum, rápido, algo técnico. Bom de bola, mas comum. Ele estava ungido pelos deuses da bola. E fez o que fez.
Nunca chorei por futebol, embora seja um chorão nesta vida. Lágrima fácil. Me emociono com musica, teatro e mesmo lendo. Choro em filme e já chorei em novela de TV. Sou um cara comum.
E sabia que íamos vencer aquela Copa.
Mas perdemos e eu me lembro como se fosse hoje. Eu chorei muito por aquele time. De verdade. Eu amava alguns daqueles caras e ainda amo. Junior, Zico, Falcão, Serginho e Eder. Uma lástima.
Eu chorei por Telê, e me emociono hoje porque depois me tornei amigo dele.Falamos muito sobre aquele dia. Um dia sem explicação lógica.