Luiz Ceara

Rogério Ceni é a lenda que anda e joga.

Luiz Ceará

Eu me lembro de quando Rogério Ceni era reserva de Zetti. Jeito de moleque, sempre sorrindo.Passava pelos repórteres ali no gol de entrada do Morumbi e dava um tapa no braço ou no ombro de um ou outro. Saia rindo. Ninguém prestava muita atenção nele, por que o dono da camisa era genial debaixo dos três paus. Zetti.
Hoje os tempos são outros. Ele é um quarentão milionário e cheio de manias. Tem muitas virtude4s e muitos defeitos, como todos nós. É vitorioso ao extremo, um recordista de jogos. Basta dizer que esta semana ele completou 1.117 jogos com a camisa do São Paulo. Jogador de um clube só, tirando é claro seu início na distante Sinop, jogando pelo Sinop Futebol Clube. Passou Pelé a quem homenageou jogando com a 10.
Ele merece usar a 10 do Rei, não por ser igual, fato impossível para um ser humano, mas pelo fato de ter somente um amor. O São Paulo.
Rogério Ceni o goleiro de mais de cem gols marcados não é mais o de anos atrás. A idade o deixou mais lento, sem os reflexos totais – e por isso ele tem falhado – mas não tirou dele a gana de vencer obstáculos e de buscar vitórias e títulos. Um obcecado, perfeccionista e autoritário. Manda e desmanda. É o dono do time e do vestiário, implacável com quem não produz o que se espera de um atleta ou treinador do seu time. Ele derruba e coloca outro em seu lugar.
O humano Rogério Ceni é um pai bacana que leva suas filhas para o treino e que tem uma vida regrada. Pai de família, bom filho.
O São Paulo não vai ter um jogador mais famoso e nem vai substituir o xodó do torcedor. Ele é o que sempre quis ser. O maioral, o mito, a lenda que anda e joga.
A gota de Deus.