Não foi um jogo, foi uma aula. A Espanha é bi da Euro-2012.
Luiz Ceará
É uma delícia ouvir tantos comentários sobre num campeonato que não acontece aqui no Brasil. A Euro-2012 é um sucesso. E um fracasso.
Se todos os comentaristas de plantão, inclusive eu, estamos falando de Itália e Espanha no quesito bola rolando, também estamos com nossos corações e almas em alerta.
A sombra sinistra do racismo se mostrou em sua totalidade e força máximas. Uma vergonha que não caberia mais sentirmos. A raiva dos europeus foi surpreendente. Crua. Sem medo de aparecer nas telas de todas as TVs do mundo ligadas nos jogos. Ninguém que tinha ódio nos corações deixou de demonstrar com clareza. Foi a grande perda e a demonstração de que temos que evoluir muito em todo o planeta. Somos ainda espíritos difíceis e atrasados.
Mas o campeonato era de futebol e vamos a ele para que e tristeza se transforme em alegria, pelo menos por 90 generosos momentos. Porque o futebol apresentado pelas duas seleções não deixou dúvidas sobre quem deveria estar na final.
A Espanha e seu futebol brilhante e de conjunto solidário e a Itália com sua mania de transformar crises envolvendo falcatruas dentro do futebol em arte dentro de campo. Eu lembrei esta semana do desastre de Sarriá, na Copa de 82 quando a Itália em crise interna venceu a maravilhosa seleção comandada por Telê Santana, aquele sim, um time de futebol.
Quando a bola rolou na final, era estilo italiano de posse e marcação contra a arte de jogar dos espanhóis, que costumam cansar a bola de tanto tocar.
Os times entraram com forças equivalentes. O equilíbrio maior de um ou outro iria definir o campeão, lembrando que no jogo de estréia das duas houve um empate.
Com 10 minutos de jogo a Espanha escondia a bola da Itália e Xavi chutou da entrada da área. Que jogada da Espanha.
Aos 13, Xavi tocou para Iniesta que meteu Fábregas que cruzou para Davi Silva marcar de cabeça. E que golaço. Só a Espanha jogava. A Itália assistia.
Só deu Espanha no primeiro tempo de jogo. E quanto mais a Itália ia pra cima, mais oferecia o contra ataque para os espanhóis. Até que, aos 41, Xavi meteu Alba em velocidade no contra ataque esperado e preparado. O bote dos espanhóis é passar no momento preciso, quando o adversário já não conseguiria mais acompanhar quem está atacando. É mágico. Um 2 a 0 no primeiro tempo espanhol.
O segundo tempo começou com um pênalti claro para os espanhóis que o juizão português não deu. Ele não viu, mas o árbitro atrás do gol sim. Então…
Quem não faz quase toma, porque Di Natali perdeu um gol feito aos 6 minutos.
A Itália não estava no seu dia. Thiago Motta sentiu uma contusão na coxa direita e deixou os italianos com 10 em campo. Era o que faltava.
O que se viu daí pra frente foi a agonia italiana. Fernando Torres fez o terceiro gol.E Mata o quarto, o gol do títuloA Espanha pressionou a saída de bola da Itália, dominou o jogo, tocou como quis e levantou a senhora de curvas serenas, cobiçada por todos os jogadores das seleções européias.
Quem levantou esta senhora, a Taça da Euro-2012 foi o capitão espanhol Casillas,goleiro da seleção que há 10 jogos de mata mata não toma gols. Um time que entra para a história do futebol por agradar a bola,respeitá-la, entender que ela precisa de carinho e do suor de seus eternos namorados, os jogadores.
A Espanha deixa definitivamente um ensinamento aos jogadores, treinadores, preparadores físicos e homens que tocam o mundo da bola. A consagração sempre virá para quem respeitar a arte de jogar. Acima do futebol de resultado. Marcar jogando limpo, pressionar com inteligência, tocar como na infância, sem responsabilidade e vencer com alegria.