O ódio está na cabeça de muitos. A maioria neste caso, perde.
Luiz Ceará
Em 3 de Junho de 1979 o Guarani jogou contra a Ponte Preta um derby com seu maior público. Cerca de 39 mil pagantes no Pacaembu. A Ponte Preta tinha em campo o time de 77, Vice-Campeão Paulista. O Guarani o time de ouro do Campeonato Brasileiro de 78. Um dia de festa para o futebol com dois dos melhores clubes do país na época. O torcedor saiu do estádio feliz e voltou pra casa sem problemas.
Ontem um torcedor do Guarani foi enterrado vitima de uma guerra de rua entre as duas torcidas. À tarde a sede da Torcida Organizada Fúria Independente foi invadida pela PM depois de uma denuncia anônima. Foram encontradas barras de ferro e tacos de madeira, armas prontas para um confronto que havia sido marcado para a noite com a torcida da Ponte.
Trinta e cinco torcedores foram detidos e depois liberados. Havia uma garota de 12 anos entre os torcedores. À noite, numa avenida da cidade torcedores da Ponte atacaram carros e procuravam torcedores do Guarani. A guerra entre facções da torcida dos dois clubes, inflamados pela morte do dirigente da Fúria Independente está escancarada na cidade.
Melhor seria cancelar ingressos e fazer o jogo sem torcida. Acabaria com a violência? Não, ela não está dentro dos estádios, nem nas ruas, pontos de ônibus ou metrôs. A violência está na cabeça de muitos, mas não da maioria.
Neste caso, o ódio, o espírito de vingança, venceu. A maioria perdeu. Uma reunião entre os presidentes de clubes e órgãos municipais mais a polícia decidiu ontem á tarde que os derbys em Campinas terão daqui pra frente, uma só torcida. Vamos ver.