Eu tinha 13 anos e vi o Santos ser Campeão do Mundo. Eu era feliz, e sabia.
Luiz Ceará
Gilmar, Ismael, Mauro Haroldo e Dalmo. Lima e Mengalvio. Dorval, Coutinho Almir e Pepe. Esse time foi responsável por eu ter umas das noites mais felizes destes 61 anos em que estou aqui na terra.
Eu tinha 13 anos e amava musica e futebol, não sei em que proporção para um ou outro, mas era assim. Futebol era o Santos por causa de Pelé, Pepe, Mengalvio, Coutinho e Gilmar. Eu amava Gilmar. E musica porque eu sintonizava no rádio da minha casa, enorme radio, a Radio Nacional do Rio de Janeiro. Ouvia aos sábados o programa de Cesar de Alencar. E durante a semana, as novelas das seis da tarde com minha mãe, dona Maria. Minha preferida era As Aventuras do Anjo.
Jogava bola e estudava pouco. Apanhava de vara para voltar pra casa depois do futebol. Rua de terra batida, árvores para subir e ver de longe os jatos pousando em Viracopos.
Naquele ano de 63 o Santos foi Campeão da Copa Intercontinental, hoje correspondendo a Campeão do Mundo em pleno Maracanã com mais de 120 mil torcedores fanáticos por aquele time. Eram torcedores de todos os times do Rio, mais os santistas. O país era santista naquela noite. Foram na verdade dois jogos, um 4 a 2 com muita chuva e a decisão com um gol de Dalmo. O 1 a 0 que eu nunca vou esquecer.
Teve o jogo da chuva com os gols de Pepe. O Santos virou um 2 a 0 com um futebol maravilhoso e uma raça para ninguém dizer que o maior time do planeta era só bola pra cá e pra lá, dribles e outras cositas mas. Era um timaço, o melhor futebol que eu já vi jogarem.
Mas eu não escrevi para falar de bola, que pouco entendo. Escrevi para dizer que o Santos de Pelé e naquela noite chuvosa, de Almir Pernambuquinho me encantou, me fez feliz e me mostrou um futebol que me dá parâmetro para saber quem joga e quem não joga.
Santos, que você seja feliz no dia de hoje como fez a felicidade de milhões de meninos de 13 anos como eu, hoje sessentões apaixonados por bola.