Luiz Ceara

Arquivo : Sócrates

Boa viagem, Doutor
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Luiz Ceará

Sócrates se despediu do Corinthians num jogo contra o Vasco em Juazeiro, terra de Padre Cícero.
O Corinthians saiu de São Paulo e o avião, fretado, pegou a delegação do Vasco no Rio. A parada técnica foi em Salvador.
Não havia mais cerveja a bordo e o uísque a gente tomava o do empresário, um cara baixinho com forte sotaque nordestino que levava dezenas de garrafinhas em uma bolsa.
Havia um grupo próximo de onde eu estava sentado. Casagrande, os radialistas Oswaldo Maciel e Loureiro Junior e o Magrão, ele mesmo, Sócrates.
Muita piada, risada e, é claro, enchemos a cara.
Quando chegamos a Juazeiro, havia mais de cinco mil pessoas na pista. Na pista mesmo, porque era inauguração da própria para jatos maiores como o nosso e nada de proteção, aquela coisa.
Sócrates não queria descer primeiro e me disse. “Você sai comigo que eu não vou sair com a cara pra esse povo todo”. Saiu comigo, os dois meio que mamados.
Depois fomos visitar algumas fazendas, que era para agradar os patrocinadores da festa, digo, do jogo. E voltamos todos tarde da noite. Sentamos-nos para conversar, ouvir Oswaldo Maciel cantando, com Casagrande fazendo ritmo na caixa de fósforos. Sócrates sentado ao lado do dono do Hotel. E ele dizia: ”companheiro, sua filha é maravilhosa”.
E o cara olhava e ria. E Magrão insistia: “sua filha é maravilhosa”.
Depois de dizer aquela frase algumas vezes, o dono do Hotel, rindo muito, resolveu responder direito. ”Doutor, essa não é minha filha, é minha mulher”.
Foi uma risada só e fomos todos dormir.
De cara cheia, é claro.
No outro dia ele foi um dos melhores do jogo.
Fica esta história, como minha homenagem ao Magrão, que eu continuo amando.
Que você tenha uma boa viagem, Doutor.

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Bom dia, Sócrates.
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Luiz Ceará

 

 

Quando estou sem trabalhar na TV, num Domingo de sol e futebol, fico meio perdido. Perdido de felicidade por não ter nada para fazer.

Aí eu penso. Leio jornais, acesso internet, leio revistas e também faço orações. Orar pelo bem e pelo mal. Que ele seja cada vez mais fraco nos corações dos homens.

E penso. Fico horas pensando na vida. Pensando que não sei nada. Muito pensar e não muito saber é o importante nesta vida louca, já dizia Demócrito, filósofo grego que antecedeu Sócrates.

Falando nele,vi  o “Magrão” na TV. Mais uma entrevista saborosa do meu amigo Peters, repórter que sabe amarrar um assunto tão importante, sem assustar ninguém. O alcoolismo. Sócrates disse que a bebida é apenas parte, uma companheira. Um copo de vinho degustado ao longo do dia.

Tomara fosse isso mesmo, e nosso gênio da bola e das palavras não estaria com cirrose. Conheço muitos homens e mulheres com idade avançada, digo 80 para cima, que tomam religiosamente seu copo de vinho diário. Nunca tiveram cirrose.

Acho bonito o discurso do querido Doutor, mas hoje ele parece vago.

A massa de torcedores que nos estádios pediu pela saúde dele, os que foram para a porta do Hospital oferecer seu fígado para o transplante, merecem uma melhor performance do “Doutor”.

Vou deixar aqui mais uma pista para meu querido e inesquecível Sócrates.

“Escolher os bens da alma é escolher os bens divinos. Contentar-se com os bens do corpo, é contentar-se com os bens humanos”. (Demócrito, 460-370 a.C.)

Um bom Domingo a todos os amigos do Blog.

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Difícil escrever sobre Sócrates
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Luiz Ceará

Estou muito triste com o estado de saúde do Magrão. Ele sempre foi um cara sorridente, simpático, cheio de vida e de uma inteligência rara. Líder.

Mas aí, o que era uma cervejinha virou vício. Sócrates é alcoólatra. Quem é nunca vai deixar de ser. Sócrates terá de lutar cada dia, cada hora nos próximos anos para ficar sem beber. Pode fazer transplante, terapia, macumba, o escambal. É alcoólatra e vai ter que lutar contra isso.

Do ponto de vista médico, pode se safar vai ficar inteiro.

Do ponto de vista espiritual, vai resolver isso depois da passagem. Mas pode progredir aqui nesta terra. Evoluir.Nós todos que sabemos deste caminho longo e seguro, oramos para que ele passe a caminhar nesta direção. Com toda sua inteligência, haverá de saber que existem muitos caminhos para se chegar a Jesus.

A vida do Magrão não tem que ser igual à de Garrincha, que não conseguiu me dar uma entrevista por conta de seu estado de saúde. Ou à de Jorge Mendonça, que eu vi numa cama, com sol de três da tarde, debaixo de um cobertor tremendo de frio. Delirando.

É difícil ler isso que estou escrevendo?

É mais difícil escrever.

 

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